sexta-feira, 31 de julho de 2009

A Cigarra n°17 - abril de 1994 - novo fôlego


Em abril de 1994 sai o n° 17, com oito páginas, o desabafo: “em toda parte muita incoerência, muita violência, muita mentira”, um sentimento tão atual.
A surpresa foi o contato com o poeta Zhô Bertholini, na Livraria Alpharrabio, que participou com seu poema “Os sentidos” (do sempre zen) e trouxe o poema visual “Arte é feita de tentativa”. Poeta, artista gráfico, conhecedor de revistas alternativas e da Mail Art ou Arte Postal (arte que circulava pelo correio, transformando os envelopes com interferências e ousadias em objetos de arte e mensagem), partilhou sua visão e suas sugestões. Neste número participaram com poemas visuais também Avelino de Araújo, Rubervan du Nascimento, Hugo Pontes, Mariano do Amaral Teixeira, Ricardo Alfaya e Amelinda Alves. Esta edição trouxe a página com a intensa correspondência via correio, os livros recebidos e sugestões de leitura.

"A arte é feita de tentativas" - Zhô Bertholini

"A arte é feita de tentativas" - Zhô Bertholini - publicado na A Cigarra n°17 - abril de 1994

A Cigarra n°16 – janeiro de 1994 – edição diet


Durante o ano de 1993 A Cigarra, circulou em formato de boletins informativos e muitas cartas pelo correio, participando da vida cultural sem, no entanto, lançar um novo número, um ano nada fácil, mas que contou com parcerias inesquecíveis. A edição 16 de janeiro de 1994, com apenas 4 páginas, intitulada de “diet”, falou um pouco da Mostra Visual de Poesia Brasileira, idealizada por Artur Gomes, onde foi homenageado o poeta Mário de Andrade, comemoramos os 10 anos do Grupo Livrespaço de Poesia, atuando desde 1983. Partilhamos a companhia de Rubervan Du Nascimento, Uilcon Pereira, Hugo Pontes entre tantos que estiveram na Livraria Alpharrabio em Santo André. Ficou registrada a matéria sobre o Prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte), melhor realização cultural de 1993, conferido ao Grupo Livrespaço de Poesia e ao coreógrafo Sandro Borelli de Santo André. Assim defini a insistência em continuar realizando A Cigarra: “Nosso intercâmbio é um grito num país de silêncios”.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

A Cigarra n°15 - dezembro de 1992


A Cigarra n°15 sairia em dezembro de 1992.
A edição com 12 páginas recebeu dois apoios em forma de anúncios, o que foi bastante motivador. A utopia sempre presente: “Brotam do fim do túnel, vozes que respondem e se agitam diante deste espaço oferecido à palavra. É preciso transbordar este açude onde a cultura por tanto tempo esteve convenientemente estagnada. Reunir todos os questionamentos, abrir as comportas, lançar olhos a todas as formas de expressão, misturar as artes, até que compactos e sedimentados (os questionamentos) edifiquemos a ponte permanente por onde transitem a poesia e o muito que temos por dizer”. O otimismo vinha das inúmeras palestras realizadas nas mais de 40 escolas da Região do ABC, com o Grupo Livrespaço de Poesia, do qual participara desde 1983 e que nos mostrava como a poesia era bem recebida e quanta fome de conhecê-la os alunos tinham.
Neste número publicamos o poeta Moreira de Acopiara, mestre do cordel, que faria parte das pessoas admiráveis de nossa jornada. Jota Marinho participou com texto sobre a poeta Geni Alves dos Santos, publicado inicialmente na Revista Livrespaço. Na abertura do artigo Jota Marinho (José Marinho do Nascimento) escreve: “Um poema publicado é um ser salvo de um grande incêndio. Assim vejo porque o bom poeta é de si mesmo o leitor mais crítico: vive inacabado, procura na palavra a ordem, a perfeição. A angústia da solidão diante da árdua tarefa de existir através da arte.”

segunda-feira, 6 de julho de 2009

A Cigarra n°14 -10 anos - maio de 1992


Em maio de 1992, a Cigarra lança a edição 14, comemorando 10 anos. Uma edição enxuta com doze páginas, tiragem baixa. Reflexos da era Collor, necessidades outras não calaram a poesia e a caixa postal estava sempre lotada de cartas de incentivo, livros e poetas partilhando suas ansiedades e utopias. A Cigarra já circulando nos países da América Latina, chegava à França, Espanha e Alemanha. Os amigos lembrados, parcerias seladas e um texto de questionamento, talvez ingênuo e pretensioso, mas que manteve a Cigarra no ar: ”Dez anos de A Cigarra. De onde vem tanta fé no que fazemos e essa força que partilha distâncias de um país a conhecer? Nós escritores fazemos a História da Literatura. Nós somos a História da resistência num país de analfabetos. Somos a História da palavra que não se dobra, não se vende, não se corrompe diante do poder e lutamos para manter a poesia viva.” Sem muitos discursos deixávamos que a poesia se indignasse e rebelasse.

domingo, 5 de julho de 2009

A Cigarra 13 - novembro de 1991


A Cigarra circulava nos intervalos entre as edições através de boletins informativos, mantendo contato com seus correspondentes. Em 1991 o número 13 sairia no fim do ano, com texto “Francis – o parto in/verso”, que escrevi sobre a luta de Francis de Oliveira que permaneceu 9 meses na UTI, após acidente de moto. A capa foi um desenho/colagem realizado por mim, a justiça cega flanando sobre o deserto árido, como que chegando tarde demais. Nesta edição anunciamos a criação de dois novos espaços: um para crítica de trabalhos poéticos e outro para poemas infantis. José Marinho do Nascimento inaugurou o espaço escrevendo sobre o livro “Cinzento” de Avelino Blanco. As mudanças almejadas não se realizaram em parte pelos velhos motivos financeiros. Os desejos de mudanças se realizariam muitas edições depois.

sábado, 4 de julho de 2009

A Cigarra n°12 - janeiro de 1991


Em janeiro de 1991 saía A Cigarra n°12. Na capa um postal do fotógrafo J.Vallhonrat, editado pela Arte Pau Brasil. A capa causou indignação a um correspondente, conservador e moralista, que me acusou de apelar para a nudez da modelo para “aparecer”, fato que me causou risadas homéricas. Este número foi datilografado em uma moderna máquina elétrica. Um ano de grandes alegrias com o lançamento do “SETE VERSUS SETE (e se resolvermos falar de amor...). Edições Livrespaço, fruto dos desafios poéticos das oficinas do Grupo Livrespaço e ano de uma grande perda, a poeta Francis de Oliveira, que nos deixou em 26 de outubro. A vida como sempre ambígua.

A Cigarra n°11 - julho de 1990


A edição n°11 da A Cigarra trazia a ilustração do artista plástico Ramir Jacom de São Paulo. Em julho de 1990. “Iluminada, a poesia reage diante da escuridão provocada pelo ceticismo humano e sobrevive” (JBS). Com apenas 12 páginas, época de “vacas magras”, mas poesia gorda, circulando os poemas que os correspondentes enviavam pela então caixa postal 461. Nesta época Tê Sávio retirou-se da editoria, por conta de estudos e trabalho. A Cigarra circulou também nas salas de aula, com a incansável trupe de poetas do Grupo Livrespaço, realizando palestras e oficinas poéticas.