sábado, 13 de junho de 2009

A Cigarra n°10, para Cleide Veronesi - 1988


A Cigarra n°10 ( ainda em xerox) foi dedicada, em 1988, à Cleide Veronesi (1949-1987), que nasceu em São Caetano do Sul – São Paulo – Brasil, nasceu no Dia da Bandeira, 19 de novembro. Levantou várias bandeiras: poeta, contista, ensaísta, pintora autodidata, esteve presente em várias publicações como jornais alternativos, coletâneas. Publicou Cenas & Luzes – Poesia, parceria com Noel Sobrinho 1981. Militante ecológica ligada à APEDEMA-SP. Foi filiada a UBE – União Brasileira de Escritores.Teve participação em Bienais do Livro, Festival Nacional das Mulheres nas Artes, Feiras Culturais e vários Grupos Literários (Cooperativa de Escritores do ABC, Grupo Poeco-Só Poesia, Tuba Oficina, Oficina Literária do Sesc – Carmo, entre outros). Emprestou seu nome ao Concurso Interno de Poesia das Faculdades Integradas da Zona Leste de São Paulo, (DCE/FZL). Escreveu a coluna literária “Cleide Veronesi comenta...” para o Jornal São Paulo Zona Sul. Foi “Destaque 84- Literatura” pela Revista da Cidade -1985.
E mais que tudo isso foi e é uma amiga rara, cheia de energia poética, contagiando, motivando e incentivando artistas e ideais. Tive a alegria de ter o prefácio de meu primeiro livro solo,"Dalilas Siamesas", feito por ela. A Cigarra fez um pequeno registro de sua obra poética, deixou trabalhos inéditos aos quais não tivemos acesso, perderam-se no tempo. Em mim não se perdeu a gratidão por ter semeado em meu espírito a semente da resistência e a fé na poesia. E como ela dizia: “Até qualquer momento”.

Um comentário:

  1. Cleide, grande mulher e amiga, grande poeta ou poetisa, musa inspiradora de jovens como eu, na época, e que prefaciou nosso primeiro livro "Ensaiando a Tuba" e que em 1987 escrevi ao saber que tinha virado "passarinho"

    CLEIDE
    Aves sobreveam a minha cabeça
    Rasante
    A minha mente comprimida
    No adeus da partida
    - Será que um dia elas voltam ?
    A tarde/penumbra cai na lembrança
    Um sorriso, o entusiasmo
    Um jeito especial de falar…
    Choro !
    - Será que um dia ela volta ?
    As almas puras, lúcidas
    Não ressuscitam
    As almas gêmeas minhas
    Apenas ficam
    Aves imigram pra bem longe daqui
    Fotografia que esqueço
    Um canto triste que faço
    Comigo no escuro
    Rabisco no papel
    (Matéria prima da minha existência)
    Algumas linhas apenas
    Poema ?
    A vida foi queimada
    Restaram cinzas
    Que já não mais se acendem
    As aves perdem-se no horizonte
    O sol se esconde
    Os parcos raios
    Alimentam minha esperança
    - Será que um dia eu esqueço ?
    Grito seu nome
    E ninguém responde
    Chamo por elas
    Já não mais são vistas
    - Um último adeus
    as aves que voam…

    (este texto é dedicado a uma grande amiga, incentivadora da literatura independente, grande poeta e ativa defensora da ecologia: Cleide Veronesi, falecida em 31 de Maio de 1987)

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