Editada em Santo André, SP (1982/2007) por Jurema Barreto de Souza e a partir de 1994 também por Zhô Bertholini e João Antonio da Silva Sampaio, mapeou durante 25 anos e 42 números,a produção poética e cultural independente, abrindo espaço para novas vozes e novos olhares.Participando intensamente da vida cultural de Santo André, circula no Brasil e exterior, divulgando a poesia, poetas, artistas plásticos, fotógrafos e criadores.
terça-feira, 27 de outubro de 2009
A Cigarra 22 - jul/ago de 1995 - 13 anos de resistência poética
No segundo semestre de 1995, mantendo a proposta de ser bimestral, a Revista A Cigarra, lança o n° 22 de julho/agosto, com capa do artista plástico Perkins T. Moreira. Editoria de Jurema Barreto de Souza e concepção gráfica de João A. da Silva Sampaio e Zhô Bertholini, que participaram também com poemas. Neste ano os editores figuraram no “Catálogo da Produção Poética nos anos 90”, uma produção de Leila Míccolis e Urhacy Faustino, da Blocos Editora, lançado no Museu do Índio em Botafogo, RJ. E com esta edição A Cigarra conseguiu sua primeira grande matéria no Diário do Grande ABC, com o título: “Cigarra simboliza resistência poética”, do jornalista Francisco Marcelino, embora já recebesse bastante atenção das mídias alternativas. Uma imensa rede poética, naquele momento ainda pelo correio e com carinho artesanal, era o verdadeiro sentido do "por a mão na massa" para fazer o biscoito fino da poesia. Jurema Barreto de Souza
sábado, 26 de setembro de 2009
Revista Literária A Cigarra - n°21 - maio/junho - 1995 - Novos rumos, a mesma paixão.
A metamorfose assume outros contornos e aos 13 anos A Cigarra n° 21, de maio/junho de 1995, se assume como Revista Literária, o formato a esta idéia remetia, sem perder, seu foco poético. Amadurecer requer mudanças e começamos pela capa, realizada pela Artista Plástica Constança Lucas , com a ilustração “ A Descoberta da Poesia”. Como na anterior procuramos usar papel colorido, assim fomos testando as possibilidades para tornar cada exemplar único, atraente, sem padronizar. Driblando as dificuldades continuamos o contato com dezenas de poetas, jornais, alternativos culturais. O n°13 trazia um selo comemorativo e por uma questão de maturidade, a imagem da Cigarra, que carregava todo um conceito lúdico, já que tirada de uma história infantil, passou a ilustrar o “expediente” na pagina final. Na quarta capa uma lembrança das edições anteriores.
terça-feira, 8 de setembro de 2009
A Cigarra n° 20 - Fev./Mar. de 1995
A Cigarra n°20, assume periodicidade bimestral, lançando assim a edição de fevereiro /março, com capa de Zhô Bertholini, “O Pensador Urbano” colagem dando uma perspectiva contemporânea ao “Pensador” de Rodin observando a metrópole caótica, meditando sobre a frase: “Cultura é o conjunto de conhecimentos que se transmite.O que se guarda é burrice.”O editorial substituído por “Notas”, contou com o “Nênia para Sérgio Campos” escrito por Dalila Teles Veras. Os poemas percorrem as páginas com nova diagramação, acontece uma maior participação de poetas visuais, uma sugestão de colaboração com envio de livros para o Centro Cultural de Diadema. A correspondência pelo correio intensa e eram enviados gratuitamente mais de 600 Cigarras, que acabavam sendo divulgada nos inúmeros periódicos e zines. A Cigarra multiplicava-se porque seus leitores a faziam circular entre amigos e acabávamos recebendo pedidos, sugestões, livros, poemas e críticas dos lugares mais distantes.
Nesta edição, inspirada em Neruda publiquei meu poema :
Tu eres
Tu eres lo que no podia ser
una vida sin lamentos
al derecho y al revés
en mi canción desesperada.
Y me dejó
en el callejón de tus ojos
camino de un amor extraño
tan puro como el vino.
Tus labios, centellas
de ilusiones constantes
que en el silencio navegam.
Tus manos,
raíces de ternura,
alas blancas del cotidiano
Por eso, dejó en tu cuerpo
hablar el amor que te doy
Aire libre en un cielo cristiano.
Amantes regressamos
de destinos vacíos
fuego de sueños
invadiendo la casa oscura
sin que nos díeramos cuenta.
Jurema Barreto de Souza
una vida sin lamentos
al derecho y al revés
en mi canción desesperada.
Y me dejó
en el callejón de tus ojos
camino de un amor extraño
tan puro como el vino.
Tus labios, centellas
de ilusiones constantes
que en el silencio navegam.
Tus manos,
raíces de ternura,
alas blancas del cotidiano
Por eso, dejó en tu cuerpo
hablar el amor que te doy
Aire libre en un cielo cristiano.
Amantes regressamos
de destinos vacíos
fuego de sueños
invadiendo la casa oscura
sin que nos díeramos cuenta.
Jurema Barreto de Souza
domingo, 6 de setembro de 2009
A Cigarra n° 19 - Nov./Dez. de 1994 - bimestral
MIM OPTICA - João Antonio da Silva Sampaio
“Entre as mágicas vibrações do Alpharrabio espaço cultural, reduto criado por Dalila Teles Veras, porto onde bebemos o vinho brindando inspirações, a Cigarra alça vôo encontrando novos cúmplices que vem alimentar, com muitas idéias e outras fontes, estas páginas. Nós literalmente efervecemos e chega a hora de chacoalhar a pasmaceira, não reclamar mas produzir”. É neste clima foi lançado o n°19 da A Cigarra, com capa do artista plástico João Antonio da Silva Sampaio,”MIM OPTICA”, que também colaborou com o poeta Zhô Bertholini na concepção gráfica. A Cigarra entra assim na era digital e com esta parceria começam a se materializar as idéias antes apenas sonhadas. Jurema Barreto de Souza
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
A Cigarra n°18 - agosto de 1994
Em agosto de 1994, saia o n° 18. “ Por enquanto /há escória/de sobra./ O tempo é escasso -/ mãos a obra./ Primeiro / é preciso/ transformar a vida,/ para cantá-la -/ em seguida.” Maiakóvski . O editorial na capa, reflexões sobre a situação vivida: “Olho atenta para o tempo que passa e quando penso nesta nossa luta de formiguinhas literárias me orgulho muito e não consigo calar e desistir. Mudou a moeda, e como dizem, caímos na real e a realidade é estarrecedora, educação, saúde, cultura em baixa”. Eternas perplexidades e constatações que atravessam o tempo. A Cigarra nesta edição fala do despejo da União Brasileira de Escritores do prédio que pertence ao INSS, fato que causou muita insatisfação e repúdio por parte dos escritores, o que não adiantou nada e a UBE, acabou ficando longo tempo sem uma sede. Noticiamos que a Revista Livrespaço, ganhadora do Prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte), melhor realização cultural de 1993, encerrava com o oitavo número sua trajetória de dois anos. A poesia visual de Zhô Bertholini “Rimbaud here and now” ocupou a página 4, juntamente com a mail art “a poesia é uma arma carregada de futuro”. E nessa época eu realizava alguns poemas curtos para circularem nos “alternativos culturais”, geralmente com pouco espaço: “Hoje acordei plural/ pois plurais são todas/as saudades”. Jurema Barreto de Souza.
sexta-feira, 31 de julho de 2009
A Cigarra n°17 - abril de 1994 - novo fôlego
Em abril de 1994 sai o n° 17, com oito páginas, o desabafo: “em toda parte muita incoerência, muita violência, muita mentira”, um sentimento tão atual.
A surpresa foi o contato com o poeta Zhô Bertholini, na Livraria Alpharrabio, que participou com seu poema “Os sentidos” (do sempre zen) e trouxe o poema visual “Arte é feita de tentativa”. Poeta, artista gráfico, conhecedor de revistas alternativas e da Mail Art ou Arte Postal (arte que circulava pelo correio, transformando os envelopes com interferências e ousadias em objetos de arte e mensagem), partilhou sua visão e suas sugestões. Neste número participaram com poemas visuais também Avelino de Araújo, Rubervan du Nascimento, Hugo Pontes, Mariano do Amaral Teixeira, Ricardo Alfaya e Amelinda Alves. Esta edição trouxe a página com a intensa correspondência via correio, os livros recebidos e sugestões de leitura.
A surpresa foi o contato com o poeta Zhô Bertholini, na Livraria Alpharrabio, que participou com seu poema “Os sentidos” (do sempre zen) e trouxe o poema visual “Arte é feita de tentativa”. Poeta, artista gráfico, conhecedor de revistas alternativas e da Mail Art ou Arte Postal (arte que circulava pelo correio, transformando os envelopes com interferências e ousadias em objetos de arte e mensagem), partilhou sua visão e suas sugestões. Neste número participaram com poemas visuais também Avelino de Araújo, Rubervan du Nascimento, Hugo Pontes, Mariano do Amaral Teixeira, Ricardo Alfaya e Amelinda Alves. Esta edição trouxe a página com a intensa correspondência via correio, os livros recebidos e sugestões de leitura.
A Cigarra n°16 – janeiro de 1994 – edição diet
Durante o ano de 1993 A Cigarra, circulou em formato de boletins informativos e muitas cartas pelo correio, participando da vida cultural sem, no entanto, lançar um novo número, um ano nada fácil, mas que contou com parcerias inesquecíveis. A edição 16 de janeiro de 1994, com apenas 4 páginas, intitulada de “diet”, falou um pouco da Mostra Visual de Poesia Brasileira, idealizada por Artur Gomes, onde foi homenageado o poeta Mário de Andrade, comemoramos os 10 anos do Grupo Livrespaço de Poesia, atuando desde 1983. Partilhamos a companhia de Rubervan Du Nascimento, Uilcon Pereira, Hugo Pontes entre tantos que estiveram na Livraria Alpharrabio em Santo André. Ficou registrada a matéria sobre o Prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte), melhor realização cultural de 1993, conferido ao Grupo Livrespaço de Poesia e ao coreógrafo Sandro Borelli de Santo André. Assim defini a insistência em continuar realizando A Cigarra: “Nosso intercâmbio é um grito num país de silêncios”.
quinta-feira, 30 de julho de 2009
A Cigarra n°15 - dezembro de 1992
A Cigarra n°15 sairia em dezembro de 1992.
A edição com 12 páginas recebeu dois apoios em forma de anúncios, o que foi bastante motivador. A utopia sempre presente: “Brotam do fim do túnel, vozes que respondem e se agitam diante deste espaço oferecido à palavra. É preciso transbordar este açude onde a cultura por tanto tempo esteve convenientemente estagnada. Reunir todos os questionamentos, abrir as comportas, lançar olhos a todas as formas de expressão, misturar as artes, até que compactos e sedimentados (os questionamentos) edifiquemos a ponte permanente por onde transitem a poesia e o muito que temos por dizer”. O otimismo vinha das inúmeras palestras realizadas nas mais de 40 escolas da Região do ABC, com o Grupo Livrespaço de Poesia, do qual participara desde 1983 e que nos mostrava como a poesia era bem recebida e quanta fome de conhecê-la os alunos tinham.
Neste número publicamos o poeta Moreira de Acopiara, mestre do cordel, que faria parte das pessoas admiráveis de nossa jornada. Jota Marinho participou com texto sobre a poeta Geni Alves dos Santos, publicado inicialmente na Revista Livrespaço. Na abertura do artigo Jota Marinho (José Marinho do Nascimento) escreve: “Um poema publicado é um ser salvo de um grande incêndio. Assim vejo porque o bom poeta é de si mesmo o leitor mais crítico: vive inacabado, procura na palavra a ordem, a perfeição. A angústia da solidão diante da árdua tarefa de existir através da arte.”
A edição com 12 páginas recebeu dois apoios em forma de anúncios, o que foi bastante motivador. A utopia sempre presente: “Brotam do fim do túnel, vozes que respondem e se agitam diante deste espaço oferecido à palavra. É preciso transbordar este açude onde a cultura por tanto tempo esteve convenientemente estagnada. Reunir todos os questionamentos, abrir as comportas, lançar olhos a todas as formas de expressão, misturar as artes, até que compactos e sedimentados (os questionamentos) edifiquemos a ponte permanente por onde transitem a poesia e o muito que temos por dizer”. O otimismo vinha das inúmeras palestras realizadas nas mais de 40 escolas da Região do ABC, com o Grupo Livrespaço de Poesia, do qual participara desde 1983 e que nos mostrava como a poesia era bem recebida e quanta fome de conhecê-la os alunos tinham.
Neste número publicamos o poeta Moreira de Acopiara, mestre do cordel, que faria parte das pessoas admiráveis de nossa jornada. Jota Marinho participou com texto sobre a poeta Geni Alves dos Santos, publicado inicialmente na Revista Livrespaço. Na abertura do artigo Jota Marinho (José Marinho do Nascimento) escreve: “Um poema publicado é um ser salvo de um grande incêndio. Assim vejo porque o bom poeta é de si mesmo o leitor mais crítico: vive inacabado, procura na palavra a ordem, a perfeição. A angústia da solidão diante da árdua tarefa de existir através da arte.”
segunda-feira, 6 de julho de 2009
A Cigarra n°14 -10 anos - maio de 1992
Em maio de 1992, a Cigarra lança a edição 14, comemorando 10 anos. Uma edição enxuta com doze páginas, tiragem baixa. Reflexos da era Collor, necessidades outras não calaram a poesia e a caixa postal estava sempre lotada de cartas de incentivo, livros e poetas partilhando suas ansiedades e utopias. A Cigarra já circulando nos países da América Latina, chegava à França, Espanha e Alemanha. Os amigos lembrados, parcerias seladas e um texto de questionamento, talvez ingênuo e pretensioso, mas que manteve a Cigarra no ar: ”Dez anos de A Cigarra. De onde vem tanta fé no que fazemos e essa força que partilha distâncias de um país a conhecer? Nós escritores fazemos a História da Literatura. Nós somos a História da resistência num país de analfabetos. Somos a História da palavra que não se dobra, não se vende, não se corrompe diante do poder e lutamos para manter a poesia viva.” Sem muitos discursos deixávamos que a poesia se indignasse e rebelasse.
domingo, 5 de julho de 2009
A Cigarra 13 - novembro de 1991
A Cigarra circulava nos intervalos entre as edições através de boletins informativos, mantendo contato com seus correspondentes. Em 1991 o número 13 sairia no fim do ano, com texto “Francis – o parto in/verso”, que escrevi sobre a luta de Francis de Oliveira que permaneceu 9 meses na UTI, após acidente de moto. A capa foi um desenho/colagem realizado por mim, a justiça cega flanando sobre o deserto árido, como que chegando tarde demais. Nesta edição anunciamos a criação de dois novos espaços: um para crítica de trabalhos poéticos e outro para poemas infantis. José Marinho do Nascimento inaugurou o espaço escrevendo sobre o livro “Cinzento” de Avelino Blanco. As mudanças almejadas não se realizaram em parte pelos velhos motivos financeiros. Os desejos de mudanças se realizariam muitas edições depois.
sábado, 4 de julho de 2009
A Cigarra n°12 - janeiro de 1991
Em janeiro de 1991 saía A Cigarra n°12. Na capa um postal do fotógrafo J.Vallhonrat, editado pela Arte Pau Brasil. A capa causou indignação a um correspondente, conservador e moralista, que me acusou de apelar para a nudez da modelo para “aparecer”, fato que me causou risadas homéricas. Este número foi datilografado em uma moderna máquina elétrica. Um ano de grandes alegrias com o lançamento do “SETE VERSUS SETE (e se resolvermos falar de amor...). Edições Livrespaço, fruto dos desafios poéticos das oficinas do Grupo Livrespaço e ano de uma grande perda, a poeta Francis de Oliveira, que nos deixou em 26 de outubro. A vida como sempre ambígua.
A Cigarra n°11 - julho de 1990
A edição n°11 da A Cigarra trazia a ilustração do artista plástico Ramir Jacom de São Paulo. Em julho de 1990. “Iluminada, a poesia reage diante da escuridão provocada pelo ceticismo humano e sobrevive” (JBS). Com apenas 12 páginas, época de “vacas magras”, mas poesia gorda, circulando os poemas que os correspondentes enviavam pela então caixa postal 461. Nesta época Tê Sávio retirou-se da editoria, por conta de estudos e trabalho. A Cigarra circulou também nas salas de aula, com a incansável trupe de poetas do Grupo Livrespaço, realizando palestras e oficinas poéticas.
sábado, 13 de junho de 2009
A Cigarra n°10, para Cleide Veronesi - 1988
A Cigarra n°10 ( ainda em xerox) foi dedicada, em 1988, à Cleide Veronesi (1949-1987), que nasceu em São Caetano do Sul – São Paulo – Brasil, nasceu no Dia da Bandeira, 19 de novembro. Levantou várias bandeiras: poeta, contista, ensaísta, pintora autodidata, esteve presente em várias publicações como jornais alternativos, coletâneas. Publicou Cenas & Luzes – Poesia, parceria com Noel Sobrinho 1981. Militante ecológica ligada à APEDEMA-SP. Foi filiada a UBE – União Brasileira de Escritores.Teve participação em Bienais do Livro, Festival Nacional das Mulheres nas Artes, Feiras Culturais e vários Grupos Literários (Cooperativa de Escritores do ABC, Grupo Poeco-Só Poesia, Tuba Oficina, Oficina Literária do Sesc – Carmo, entre outros). Emprestou seu nome ao Concurso Interno de Poesia das Faculdades Integradas da Zona Leste de São Paulo, (DCE/FZL). Escreveu a coluna literária “Cleide Veronesi comenta...” para o Jornal São Paulo Zona Sul. Foi “Destaque 84- Literatura” pela Revista da Cidade -1985.
E mais que tudo isso foi e é uma amiga rara, cheia de energia poética, contagiando, motivando e incentivando artistas e ideais. Tive a alegria de ter o prefácio de meu primeiro livro solo,"Dalilas Siamesas", feito por ela. A Cigarra fez um pequeno registro de sua obra poética, deixou trabalhos inéditos aos quais não tivemos acesso, perderam-se no tempo. Em mim não se perdeu a gratidão por ter semeado em meu espírito a semente da resistência e a fé na poesia. E como ela dizia: “Até qualquer momento”.
E mais que tudo isso foi e é uma amiga rara, cheia de energia poética, contagiando, motivando e incentivando artistas e ideais. Tive a alegria de ter o prefácio de meu primeiro livro solo,"Dalilas Siamesas", feito por ela. A Cigarra fez um pequeno registro de sua obra poética, deixou trabalhos inéditos aos quais não tivemos acesso, perderam-se no tempo. Em mim não se perdeu a gratidão por ter semeado em meu espírito a semente da resistência e a fé na poesia. E como ela dizia: “Até qualquer momento”.
A Cigarra n°9, novos encontros,1987
O número 9 da Cigarra saiu em 1987, no primeiro semestre, divulgando o lançamento do livro “A Longa Epístola” de Francis de Oliveira e o Encontro Nacional de Produtores Alternativos que aconteceria em abril daquele ano, em Batatais, interior de São Paulo, do qual o Grupo Livrespaço participaria. Nesta edição publicamos a cópia do requerimento que recebemos da Câmara Municipal de São Paulo, com “Votos de Congratulações”, iniciativa da vereadora Irede Cardoso, pela publicação do n°8, lido e aprovado em Plenário no dia 3/12/86.
A Cigarra n°8, reflexões independentes -1986
A Cigarra n°8, já trazia o desejo de modificações, a capa ilustrada com um desenho clássico da artista plástica, Dora Barreto de Souza. Foram mais de 20 poetas publicados, aproximadamente 60 endereços de alternativos e 15 títulos de livros recebidos e notícias sobre a Biblioteca Nacional, incentivando o envio, que naquela época era gratuito. Publiquei reflexões sob o título: “Independentes, classe oprimida da poesia brasileira?”, abordando a presença dos poetas independentes (que editavam seus próprios livros) na Bienal Internacional do Livro de 1986, que mesmo colocados no último estande, na saída da Bienal, aglomerados e mal localizados, não perderam o bom humor, realizando um concorrido sarau coordenado por Cleide Veronesi, poeta e agitadora cultural que abriu caminhos para muitos poetas, inclusive para mim, quando incentivou a edição de meu primeiro livro. Defendi neste texto, talvez ingênuo demais, que não aceitava esse rótulo de poeta oprimido, como muitos se consideravam por não vender seus livros, já que para mim no ofício poético a comercialização do livro estava em segundo plano. Em primeiro lugar estava (e está) a poesia como modo de vida e o despertar no outro o gosto por este “biscoito fino”.
A Cigarra n°7, outras viagens 1986
A Cigarra n° 7 trazia notícias da viagem de suas editoras, Jurema e Tê Sávio, que se encontraram na Paraíba. Tê Sávio em visita aos familiares e Jurema, que juntamente com a poeta ecologista Cleide Veronesi, Tônia Ferr (do Livrespaço) se hospedaram na casa na casa do poeta Saulo Mendonça e sua esposa Lena, convidados para o lançamento do livro “Forte Silêncio”. O passeio transformou-se numa peregrinação poética ecológica em defesa das baleias, que naquela época iam para uma usina de transformação (não sei se ainda vão). Fomos recebidos em jornais e rádios, tivemos uma divulgação significativa, tanto do protesto contra a matança das baleias, quanto da A Cigarra como alternativo de divulgação cultural e do trabalho do Grupo Livrespaço de Poesia. Conhecemos a casa onde nasceu Augusto dos Anjos. Partimos para Guarabira, onde conhecemos a incansável poeta Marisa Alverga, mãe do jovem poeta Geraldo Alverga, da “Toca do Poeta”, que continua sendo editada mesmo depois de sua passagem para outra dimensão. Um mês de praias, poesias e encontro com vários poetas com os quais só mantínhamos contato pelo correio. Neste número ainda as notícias da Semana Livrespaço, “Poesia e Liberdade”, realizada em maio no Teatro Municipal de Santo André.
sábado, 23 de maio de 2009
A Cigarra n°6 -1985, um ano para lembrar
A edição de número 6 da Cigarra surge em 1985. Abre suas páginas com o poema:
“Na primeira noite, eles se aproximam/ e colhem uma flor de nosso jardim./ E não dizemos nada./ Na segunda noite, já não se escondem,/ pisam as flores, matam nosso cão. / E não dizemos nada./ Até que um dia, o mais frágil deles, entra/ sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua,/ e, conhecendo nosso medo,/arranca-nos a voz da garganta./ E porque não dissemos nada,/ já não podemos dizer nada.” Este poema atribuído a Maiakovski, na verdade se intitulava “No caminho, com Maiakovski”, do brasileiro Eduardo Alves da Costa, escrito nos anos 60. Embora divulgando material poético de todo o Brasil, a Cigarra acompanha atuação do Livrespaço que vai representar Santo André no Encontro Nacional de Escritores em Goiás, apresentado o trabalho “A Dependência dos Independentes” numa auto-analise da situação do escritor. E depoimentos sobre o as experiências com o Projeto Encontro Poeta/Leitor na Escola. A Cigarra esteve presente com o Livrespaço na VI Feira do Livro de Santo André, no estande da UBE (União Brasileira de Escritores) onde o grupo lançou a 3ª Coletânea Livrespaço – “Literatuando”. E finalmente a participação na Bienal do Livro de São José dos Campos, São Paulo. Um ano que deixou muitas boas lembranças.
“Na primeira noite, eles se aproximam/ e colhem uma flor de nosso jardim./ E não dizemos nada./ Na segunda noite, já não se escondem,/ pisam as flores, matam nosso cão. / E não dizemos nada./ Até que um dia, o mais frágil deles, entra/ sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua,/ e, conhecendo nosso medo,/arranca-nos a voz da garganta./ E porque não dissemos nada,/ já não podemos dizer nada.” Este poema atribuído a Maiakovski, na verdade se intitulava “No caminho, com Maiakovski”, do brasileiro Eduardo Alves da Costa, escrito nos anos 60. Embora divulgando material poético de todo o Brasil, a Cigarra acompanha atuação do Livrespaço que vai representar Santo André no Encontro Nacional de Escritores em Goiás, apresentado o trabalho “A Dependência dos Independentes” numa auto-analise da situação do escritor. E depoimentos sobre o as experiências com o Projeto Encontro Poeta/Leitor na Escola. A Cigarra esteve presente com o Livrespaço na VI Feira do Livro de Santo André, no estande da UBE (União Brasileira de Escritores) onde o grupo lançou a 3ª Coletânea Livrespaço – “Literatuando”. E finalmente a participação na Bienal do Livro de São José dos Campos, São Paulo. Um ano que deixou muitas boas lembranças.
A Cigarra n°5 -1984
A Cigarra n° 5 conta com os desenhos da poeta Margarita Lo Russo, que veio reforçar o Grupo Livrespaço de Poesia. Utiliza neste número o recurso da “letra set” (letras adesivas) para compor o título e detalhes gráficos. Vários foram os assuntos divulgados, entre eles a homenagem a Cora Coralina que recebeu em 20/06/84 na União Brasileira de Escritores o “Prêmio Juca Pato”, concedido ao Intelectual do Ano. Primeira mulher a receber este prêmio em 21 anos desde a criação do prêmio, a poeta contou com o apoio dos poetas independentes do ABC e a Cigarra realizou intensa campanha para sua eleição. Ainda notícias da participação do Grupo Livrespaço no Movimento Ecológico organizado pela poeta Cleide Veronesi em São Paulo, realizando recitais em praças públicas e o espaço conquistado pelo Livrespaço na Folha do ABC para discutir assuntos culturais. Outro assunto nada poético foi o assinato da jovem poeta Roseli Mingota, aluna de Tê Sávio que teria seus poemas publicados nesta edição.
A Cigarra n°4 e o Livrespaço de Poesia 1984
Em 1984 A Cigarra volta no quarto número, tamanho meio ofício, 22 páginas, informando sobre a atuação dos Poetas Independentes na Região do ABC. E as primeiras notícias nos jornais da região e da capital, sobre Grupo Livrespaço de Poesia e o Projeto Poetas/Leitor nas Escolas, do qual Jurema Barreta de Souza, participou como uma das fundadoras e durante seus 11 anos de existência e atuação literária, mas esta é outra história que em 2008 foi contada no livro “Seduzir para a Poesia: Trajetória do Grupo Livrespaço 1983-1984”, organizado por Dalila Teles Veras, Alpharrabio Edições. Além dos poetas que enviavam pelo correio seus trabalhos, eram divulgados os poetas do Livrespaço: Claudio Feldman, Dalila Teles Veras, Denil Tucci, Francis de Oliveira, José Marinho do Nascimento, Katsuko Shishido, Rosana Chrispim, Tônia Ferr e endereços dos correspondentes da Imprensa Alternativa. A Cigarra publica uma crítica de um leitor, ao número três, que diz: “Já que a Cigarra foi bimestral, trimestral agora é semestral. Por que não acabam de vez com esse jornalzinho de fundo de quintal? Levem em conta a perda de tempo...”. O que levou as editoras a responder com o aumento da tiragem para duzentos exemplares.
sexta-feira, 22 de maio de 2009
A Cigarra nº3 -1983
Em 1983 a Cigarra, ainda Jornal Literário, completou um ano e lançou o terceiro número. Através da Profª. M. Cecília de Moraes Pinto, da Fundação Santo André, que em 1982, escreveu o prefácio do livro Papoula & Amnésia lançado por Jurema Barreto de Souza e José Marinho do Nascimento, a Cigarra entrou em contato com o já famoso Jornal da Taturana, editado por Claudio Feldman , ex- aluno da faculdade. No segundo número Claudio Feldman já dá sua contribuição, participando e divulgando A Cigarra. Vários contatos com a imprensa alternativa foram realizados iniciando intenso intercâmbio. Este número três seria dedicado ao pai de Tê Sávio, uma das editoras, por uma fatalidade, o piloto Antonio Sávio, com quase 40 anos de voo sofre um acidente aéreo e a homenagem passa a ser póstuma. José Marinho do Nascimento participa com um poema que havia lhe dedicado. “Empírica Viagem”. Neste número já participavam poetas de outros estados. Foi lançada uma campanha para uma Biblioteca Alternativa da Fundação Santo André, angariando livros de poetas alternativos. O projeto não teve continuidade após a formatura das editoras. Datilografado na velha Remington e reproduzido no sistema de fotocópias, 100 exemplares do alternativo passam a circular para além dos limites da cidade de Santo André. O endereço da Cigarra passa a ser Caixa Postal 461, Agência Central dos Correios, por onde chegariam notícias de uma legião de poetas, seus livros e produções culturais.
sexta-feira, 24 de abril de 2009
A Cigarra 2°número - curiosidades editoriais
A Cigarra 2° número – curiosidades editoriais
Foram lançados dois números pelo sistema mimeográfico a álcool, em folhas soltas, tamanho ofício. O primeiro número continha 10 páginas, 50 exemplares e o segundo 6 páginas e 100 exemplares. A opção por esse sistema deu-se principalmente pela economia de meios, de acordo com as possibilidades financeiras do momento. Os desenhos da Cigarra foram reproduzidos de slides da história infantil projetados na parede da sala de aulas, já que a editora lecionava para a Educação Infantil. Foram inseridos elementos urbanos, como prédios e no canto direito o Teatro Municipal de Santo André, representando o desejo de participar da história cidade.
Essa publicação propiciou-me a oportunidade de entrar em contato com vários outros estudantes que, assim como eu, também silenciosamente exerciam a poesia sem, no entanto, possuir meios de divulgá-la.
O nome A Cigarra foi escolhido em decorrência da fábula A Cigarra e a Formiga, bem como pela magia que a cerca e toda a simbologia que envolve o canto, como elemento de sobrevivência, além da possibilidade de propiciar uma contínua reflexão sobre a arte e sua função.
A cigarra na verdade é um inseto que se alimenta das raízes das árvores, vivendo em estado de larva até por l7 anos, para depois emergir sob forma de pseudoninfa, agarrando-se aos troncos, onde muda de pele tornando-se adulta.
A trajetória da Revista A Cigarra foi, durante algum tempo, semelhante ao processo evolutivo do inseto que lhe deu o nome, sem nenhum compromisso de periodicidade e também sem vínculos de assinaturas ou outros tipos de colaborações que não fossem espontâneas e recursos próprios.
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Jornal Literário A Cigarra 1982
As escadarias da FAFIL (Faculdade de Filosofia Ciências e Letras) da Fundação Santo André foram palco de conversas, troca de confidências e muita música de violão nos intervalos das aulas, descobertas impregnadas de poesia, levadas para fora das classes. Esse movimento espontâneo nos animou, a mim e a Terezinha Sávio, a criar, em maio de 1982, o “Jornal Literário A Cigarra”.
Inspirado nos alternativos chamados “marginais” que burlavam a censura em folhas mimeografadas, verdadeiras “viagens” de inquietações circulando de mão-em-mão, A Cigarra nasceu, assim, fruto da necessidade de fazer circular poesia, estabelecer convivência de interesses e afinidades entre nós, estudantes daquela Instituição de Ensino.Datilografado e mimeografado, reunindo poemas dos alunos de vários anos e de vários cursos, o número 1, foi acolhido com entusiasmo por alunos e professores.
Inspirado nos alternativos chamados “marginais” que burlavam a censura em folhas mimeografadas, verdadeiras “viagens” de inquietações circulando de mão-em-mão, A Cigarra nasceu, assim, fruto da necessidade de fazer circular poesia, estabelecer convivência de interesses e afinidades entre nós, estudantes daquela Instituição de Ensino.Datilografado e mimeografado, reunindo poemas dos alunos de vários anos e de vários cursos, o número 1, foi acolhido com entusiasmo por alunos e professores.
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